Trata-se de um importante ensaio sobre a unidade do ser humano, a partir dos dados da psicanálise recente que, em continuidade com Freud, evidencia que o exercício da racionalidade humana é inseparável de sua emotividade e de seu imaginário, de tal sorte que, para o bem e para o mal, é preciso levar em conta a totalidade do ser humano em tudo que pensa, age ou faz.

O autor, tendo sempre como base sua ampla experiência clínica, parte da consideração dos limites do conhecimento que temos do mundo e de nós mesmos, considerando a condição humana como um misto de luz e de obscuridade, de realidade e de sonho, de consciência e de inconsciência, à imagem da filosofia, que balança entre Heráclito e Parmênides.

O sonho é muito mais importante do que parece à primeira vista, como revelador, a seu modo, desse lado obscuro de nós mesmos, responsável por nosso agir concreto, pelo menos tanto quanto nosso lado luminoso. O corpo está efetivamente envolvido e desempenha seu papel na elaboração de nosso pensamento e nas deliberações de nossa vontade. Devem, pois, ser integrados em nossa vida, quer como energia de sustento de nossa atividade, quer como fonte de clareza a respeito de nossas emoções e de nosso erotismo, levando, porém, sempre em consideração a condição individual de cada um, a começar pela faixa etária em que se encontra.

Como conclusão, com as próprias palavras do autor, "...podemos dizer que os sonhos as fantasias e a imaginação são partes de nós e funções que nos são indispensáveis. Talvez aprendendo a dialogar melhor com essas partes, a escutar ou decifrar melhor suas mensagens sibilinas, possamos viver de maneira verdadeiramente completa e - quem sabe? - até tocar com as mãos aquilo que é chamado de autêntica felicidade, ou pelo menos chegar muito perto dela."