Neste ensaio, a psicanalista e professora Julia Kristeva analisa as relações entre a Psicanálise e a convicção religiosa. Para ela, longe de considerar erros os postulados da fé católica, o psicanalista descobre neles conteúdos inconscientes fundamentais. A primazia da linguagem na experiência analítica e o lugar que tem o amor na transferência aproximam a Psicanálise da fé. No entanto, utilizando os recursos das fantasias e do imaginário, a cura se distancia radicalmente da fé. Ela dissolve o laço transferencial que une o paciente ao terapeuta, e transforma o analisado num ser autônomo, solitário, sem compromisso e sem Igreja, tomado somente dos laços de seu desejo.