Fazer um poema que desarrume a própria cabeleira e quebre nas nossas cabeças como uma boa arrebentação E, assim, Joana quebra silêncios, feito onda de mar cheio indo bater à beira d’água em arrecifes, puxando conversas que não tivemos ali na hora, no despontar dos dias, mas que criamos na ponta da língua pra inventar o amor, o desejo e as palavras que não nos foram ensinados na escola, na novela, nos banhos de mar aos domingos, pra dar forma, significante e significado aos nomes que nos calaram, pois nós temos nome, nos amamos mutuamente, e, sim, aparecemos pra almoçar, sempre apareceremos. A poesia de Joana, esse gosto de mar, essa areia nos dentes, os cabelos emaranhados de sal. Joana nos faz sentir saudades de casa, o cheiro de cuscuz no nariz dia após dia, cajueiros, coentro picado na cozinha que da sala a gente já sente o prenúncio, [...]