A produção da soja, uma oleaginosa nativa da China e do Japão, também conhecida como feijão-de-soja, é uma atividade agrícola importante para a economia nacional, tendo iniciado a sua produção em território brasileiro ainda no século XIX. Radicou-se incialmente no Rio Grande do Sul devido às condições climáticas favoráveis à adaptação da espécie. Entretanto, a impossibilidade da expansão, devido a questões fundiárias, provocou o deslocamento para outros estados, como Paraná e Santa Catarina em meados do século XX. Posteriormente, o processo expansionista continuou em direção ao Brasil central. Ao final do século, com muitas alterações genéticas na espécie para garantir a adaptação a novos solos e climas, a monocultura da soja adentrou o território da Amazônia Legal. O cultivo de uma cultura exótica à região e as mudanças territoriais e ambientais ocasionadas por ela provocaram uma série de conflitos sociais na região, resultando no acordo da moratória da soja que foi assinado entre as corporações importadoras do grão, os produtores e as organizações sociais da região. Esta pesquisa buscou compreender a relação conflituosa estabelecida entre o novo agronegócio e os movimentos sociais relacionados a questões territoriais e ambientais em Santarém-PA entre os anos de 2000-2010. Conclui-se que a moratória da soja representou ao agronegócio a legitimação da produção da oleaginosa no bioma amazônico e o apaziguamento do conflito social.