Se em fellis assistimos ao confronto do poeta com a forma de sua própria poesia e em Morre como em um vórtice de sombra sua luta exasperada ocorre contra um inimigo demasiadamente íntimo, seu reflexo romântico e de verve suicida, agora, nestes 27 episódios diante do espelho, Daniel Osiecki encerra a sua trilogia amarga com um mergulho no tempo, vinculando o seu combate poético ao mal estar intempestivo da história. Flertando outra vez com os recursos da dramaturgia, neste livro, o autor nos entrega a saga vertiginosa de um operário das palavras acuado pelos podres poderes que formam nossa inglória pátria: por um momento, o verniz da justiça parece oferecer alguma saída ao artista este personagem kafkiano cujo processo sequer desvela qual seja a sua contraparte de acusação