Os missionários da Companhia de Jesus, até serem expulsos do Brasil em 1759, serviram-se amplamente do trabalho dos escravos ameríndios e africanos, a exemplo das demais ordens religiosas, apesar das negativas e da bibliografia que procurava demonstrar o contrário. O objetivo deste livro é tentar preencher lacunas da historiografia com a finalidade de abordar a atitude da Companhia de Jesus em relação à escravidão no Brasil. A crítica das fontes procura superar certas visões preliminarmente ideológicas no que se refere à atitude dos jesuítas diante da escravidão negra ou indígena, determinadas em boa medida pelos próprios jesuítas desde os séculos XVI e XVII. Segundo o autor, o problema da escravidão tornou-se crucial para a Companhia de Jesus porque representou uma fonte de financiamento para as missões, criou uma identidade política e espiritual dos jesuítas da colônia, e também porque o trabalho era percebido pelos jesuítas como um instrumento privilegiado de aculturação.