O texto faz uma leitura do Grande Sertão: Veredas, guiado pela bas­tardia de Riobaldo criador e destruidor de pais, que encarna a figura do medo e pela coragem de Diadorim o defensor e vingador do pai. Os dois projetos contrapostos têm no amor não consentido o elo de sua realização. São dois projetos que não podem vingar juntos. O projeto amoroso, embora não tenha a morte como finalidade, não pode ignorá-la como fim do amor. A trama do olhar entre o destruidor e o vingador de pais só ganha sen­tido se remontarmos à sua própria gênese, ao imaginário de Guimarães Rosa. O olhar define dois momentos-limites da presença: o olhar objetivante, que transforma o outro em escravo, e o olhar objetivado, que consente na prisão imposta pelo outro. Em ambos os casos, retrata-se a mesma ambiguidade desse movimento de fuga e de perseguição.