Emblema por excelência da história, a constelação do sonho ocupa nos textos de Walter Benjamin o mesmo lugar de destaque que adquire em sua própria vida. Seja na forma de citações, relatos pessoais, formulações teóricas, anotações de viagens, excursos ou simples fragmentos, o registro onírico, além disso, é inseparável do teor de verdade que emerge de suas duas grandes obras: Origem do drama barroco alemão e, sobretudo, Passagens. Em ambos os casos, o sonho não constitui propriamente o oposto complementar da vigília, mas antes o seu fundamento - daí a ênfase benjaminiana na urgência do despertar. Leitor e crítico, ao mesmo tempo, de Nietzsche e Aragon, Benjamin se afasta tanto do esteticismo do primeiro, quanto do surrealismo do segundo, ao traçar o esboço do seu novo método dialético de fazer história: trazer para o plano da práxis o que, de certo modo, Freud busca dentro dos limites da psique - interpretar o sonho.