A figura da Virgem com seu menino desempenhou um papel extraordinário na civilização europeia. Por meio dessa imagem, que assume formas muito diversas e que é chamada e invocada com nomes até contrastantes, essa civilização não pensou apenas em sua relação com o divino – a relação de Deus com a história humana – mas a própria essência de Deus. Por que Deus é gerado por uma mulher? Pensar essa Mulher constitui uma forma necessária de apreender tal essência. E os grandes ícones daquela Mulher, como a Madona Poldi Pezzoli de Mantegna, não são ilustrações de ideias já definidas em si, mas vestígios de nossa caminhada em direção ao problema que sua presença encarna.