Uma casa, um lugar: o coração, o tempo onde, afinal, existíssemos fora deste problema da habitação. É nómada a tua língua e a minha, dizemos palavras sem morada, desmontando a cada dia as tendas e a poesia sem retorno e sem adeus.Não posso chegar nem a ti nem a Ele, nem deixar de caminhar para ti e até Ele. Vivo, amo e digo como quem reza, entre isto e a morte inscrevo o vazio da fé, nele levanto uma casa, um lugar: o coração.Eugénia de Vasconcellos nasceu em 1967, em Faro. Espera não morrer, jamais, ainda que as evidências deem a morte por inevitável. É poeta. E entre um poema e outro cabem as crónicas, o ensaio, os contos e o romance.Se tivesse de escolher um poeta, hoje, escolhia três: Camões, Whitman, Herberto Helder. É a poesia quem abre a porta ao futuro. É por isso que a morte não lhe morde os calcanhares.Autora de O Quotidiano a Secar em Verso (poesia), Camas Politicamente Incorrectas da Sexualidade Contemporânea (ensaio), Do Branco ao Negro (conto). Há traduções de obras suas em catalão, alemão, sérvio e romeno.