O autor começa por explicar como é que, a partir da contrarrevolução monetarista, se instalou por todo o mundo o império do capital financeiro, que impôs a livre circulação de capitais e a liberdade de criação de produtos financeiros, abrindo o caminho para a instalação do capitalismo de casino e entregando as famílias, as empresas e os estados nas mãos dos mercados, isto é, nas mãos dos especuladores, "a AIDS da economia mundial". Analisa em seguida como a supremacia do capital financeiro sobre o capital produtivo se traduziu na financeirização da economia, na deslocalização de empresas a partir dos países mais industrializados do mundo capitalista e na desindustrialização destes mesmos países, ao mesmo tempo que o capital financeiro descobriu um modo autônomo de obter lucros a curto prazo com base nas atividades especulativas, à custa da produção e do emprego. Outra preocupação do autor é mostrar a contribuição da política de globalização neoliberal para o desencadear da crise financeira, que começou nos EUA e rapidamente se alastrou para outras partes do mundo, transformando-se rapidamente em crise económica, em crise fiscal e em crise social, nomeadamente na Europa. Mas a linha fundamental de explicação da crise liga-a às contradições do próprio sistema, que, reagindo contra a tendência para a baixa das taxas de lucro, agravou as condições de vida dos trabalhadores e potenciou a ocorrência de crises de realização da mais-valia (característica essencial das crises de sobre produção do capitalismo). É dada atenção especial às dificuldades da União Europeia em lidar com situações de crise, dado o enfeudamento das estruturas orgânicas e políticas às concepções neoliberais mais fundamentalistas. É feita uma análise mais fina da situação dos países europeus afetados pela chamada crise das dívidas soberanas.