A figura do samurai exerce enorme fascínio. Quantos leitores não acompanharam ávidos a saga de Miyamoto Musashi, seja no romance de Eiji Yoshikawa, seja nos mangás? No cinema, o samurai eremita não é menos conhecido. Aliás, a sétima arte bebeu fartamente desse tema: o mestre Kurosawa, ou, para citar um diretor mais recente, Takeshi Kitano em seu belo Zatoichi... A mitificação dos samurais não é algo a se estranhar. Sua história e seus mitos se confundem com a própria história do Japão. Porém, é claro que suas representações artísticas que povoam o mercado de entretenimento contribuem sobremaneira para tal mitificação, e, não raro, disseminam conceitos equivocados sobre a arte da esgrima japonesa o kenjutsu/kendô e sobre os próprios samurais célebres. Longe de querer desbancar esses mitos, Peregrinos do Sol A arte da espada samurai, de Luiz Kobayashi, vem no entanto lançar sobre eles o olhar de quem durante muitos anos estudou o tema e praticou as artes marciais japonesas, proporcionando ao leitor brasileiro a oportunidade inédita de se aprofundar de fato no assunto e atingir o substrato de realidade do qual se alimentam os mitos. Retraçando a história da esgrima no Japão, a obra se apoia em documentos alguns deles extremamente raros traduzidos pelo autor no período em que viveu naquele país. O estudo contempla os samurais famosos, o que há de real e o que há de mítico em torno de suas trajetórias, bem como os estilos e as técnicas que os compõem. Kobayashi ainda retraça o percurso da prática de kendô no Brasil, desde os primeiros mestres até os dias atuais.