Entenda como um livro sobre matemática pode interessar a professores, pesquisadores, arquitetos, biólogos, astrônomos, dentistas, médicos, músicos, artistas em geral, publicitários, entre outros. "Pode parecer estranho, mas a apreciação e o entendimento da beleza depende não apenas de nossas sensações primitivas...", pondera o autor de "A Matemática na arte e na vida", Paulo Roberto Martins Contador, logo na introdução de sua publicação, primeira e única do gênero no Brasil, lançada pela editora Livraria da Física. No livro, o autor explica a existência de padrões matemáticos implícitos no que reconhecemos como belo, provocando uma interessante reflexão sobre a Proporção Áurea e sua relação com a nossa admiração pela arte, ciência e natureza. "A Proporção Áurea faz parte de uma infinidade de segmentos das mais variadas categorias profissionais. Ressalto que, além disso, esse número áureo também faz parte da maioria das coisas que nos cercam no dia-a-dia. Depois de entender o profundo significado disso, o leitor poderá não apenas deslumbrar-se com uma pintura, uma obra arquitetônica ou uma escultura, mas também desvendar o que aquela obra significa", explica o autor. Essa relação da ciência no cotidiano é revelada logo nas primeiras páginas, quando se explica o que está por traz dos nomes dos dias da semana. Para Paulo Contador, trazer a matemática para a rotina é um eficiente recurso pedagógico. "Quando o professor consegue aproximar o cotidiano à matemática, torna a matéria mais interessante. Encontramos a matemática a todo o momento ao nosso redor, cabe ao professor citá-la. Por exemplo, no celular, hoje tão comum, encerra-se uma verdadeira história da física e da matemática. O seu desenvolvimento deve-se ao grego, Diofanto de Alexandria, do século III pelo desenvolvimento da Álgebra, ao francês, René Descartes, do século XVI, pelo desenvolvimento da Geometria Analítica, ao inglês, Isaac Newton com o cá ;lculo diferencial e integral, ao alemão, Johannes Kepler, com suas três leis, ao alemão, Albert Einstein, com a teoria foto-elétrica, entre tantos. É importante mostrar ao aluno que este simples aparelho começou a ser construído há 1500 anos". A contextualização dos conceitos matemáticos é um recurso narrativo bem empregado pelo autor, ele sugere que isso também seja uma ferramenta didática. "Nascemos e crescemos ouvindo histórias de avós, parentes, amigos e, até mesmo, de pescador. Mas, infelizmente, quando sentávamos à carteira para assistir uma aula de matemática, as histórias acabavam. A ciência, mais especificamente neste caso, a matemática, precisa de belas histórias para situá-la como uma manifestação cultural de vários povos, em todos os tempos, e para mostrar que a matemática estudada nas escolas é apenas uma das muitas formas de matemática desenvolvidas pela humanidade, sua origem está na Antigüidade. É fundamental mostrar que hoje ela é indispensável, em to do o mundo, por conseqüência do desenvolvimento científico, tecnológico e econômico que estamos vivendo", arremata o autor.