Continente de absurdos, só a América Latina podia ter gerado uma escola literária como o realismo fantástico, na segunda metade do século passado, no pós-guerra que exauriu o Velho Mundo. O desafio da nova geração de escritores latinoamericanos reside justamente em manter o protagonismo da cena literária mundial, em especial quando o mercado aponta para novos filões de exotismo. Nisso o México parece bastante empenhado, com sua safra de contemporâneos onde despontam nomes como Mario Bellatin, Juan Pablo Villalobos e o lírico David Toscana. Retratando a paisagem árida do deserto mexicano Toscana conduz o leitor numa viagem ao interior do abandono, da melancolia. Seus personagens atuam numa sociedade exaurida, desertificada, desesperançosa com o malogro do sonho de desenvolvimento neoliberal e sem chance de libertação, mesmo com a tímida ascensão das esquerdas no continente, ora em franco desmonte para reimplantação do modelo tradicional de colonialismo.