O pensamento de Pêcheux fez brotar, no interior do próprio fazer científico e político, um questionamento importante sobre a relação entre ciência e ideologia, sobre o complexo e o contraditório enquanto sinais do ideológico entramado nos discursos e nas práticas dos sujeitos na história. Pêcheux não nos deixa esquecer que a resistência e a revolta se incubam sob e contra a dominação ideológica. Por isso, o trabalho de leitura que realiza o/a analista do discurso precisa buscar a raiz do dizer, olhar os contornos e os entornes que se escondem sob as cascas das palavras, (des)entrelaçar o emaranhado contraditório que vai se produzindo pelos ramos/caminhos q u e as palavras vão tomando, (des)enraizando-se de/em suas origens e determinações sócio-históricas. Assim, os sentidos se sedimentam em solo fértil ou rasgam a terra, fixando raízes fortes e fazendo brotar novos frutos, pois, como ele nos ensinou, é preciso ousar se revoltar.