Em Portugal e no Brasil, já são muitos os leitores encantados com a obra de Maria Gabriela Llansol, um dos nomes mais inovadores e essenciais da literatura portuguesa contemporânea. A autora, chamada por Eduardo Lourenço de "o próximo grande mito literário português", faz surgir de suas linhas um universo único, com uma escrita de extrema liberdade, na qual as regras estão sendo constantemente definidas. "Numa história, há (ou não há) um momento de desvendamento a que se chama sublime. (...) quase só esse momento interessa à escrita" - reflete em Um beijo dado mais tarde. Vencedor dos prêmios da Crítica e da Associação Portuguesa de Escritores, o romance apresenta duas figuras essenciais na obra de Llansol, Aossê (Fernando Pessoa) e Témia (a rapariga que temia a impostura da língua). A morte da tia Assafora traz a narradora de volta à casa de sua infância, onde irá rever a serva e o pai e refletir sobre a aprendizagem da língua, a leitura e a escrita. Nesse beijo são desafiadas as fronteiras do que entendemos por ficção, diário, poesia, ensaio, memórias - num exemplo perfeito da singularidade do texto llansoliano. Nas páginas finais, Llansol se debruça sobre o próprio processo de composição, desvelando o nascimento de uma escrita em que as palavras se deslocam como um quebra-cabeça, deixando entrever imagens de extrema luz. Rara oportunidade para o leitor brasileiro (re)descobrir o texto-tecido de uma autora que escreve como quem se ilumina para o leitor, num ato de puro fulgor.