Depressão ou tristeza: do que sofrem as mulheres? Neste livro, Ângela Gonçalves, motivada pela sua vivência na área de saúde mental como professora e supervisora de alunos nos serviços de saúde, apresenta o resultado de suas pesquisas que abordam o tema por diferentes ângulos. Parte de uma discussão conceitual sobre as questões: como saber se o que a pessoa tem é tristeza, sentimento inerente e necessário ao ser humano, ou depressão, considerada um transtorno mental? Há atualmente uma patologização de reações normais e a superestimativa do número de casos de depressão? Segue com uma pesquisa quantitativa com 1958 mulheres de 20 a 59 anos, de áreas cobertas pela Estratégia de Saúde da Família, identificando uma prevalência de depressão de 19, 7%, de acordo com o teste PHQ-9 = 9. Ressalta que entre as 387 mulheres consideradas deprimidas pelo teste utilizado, 53% não relataram tal transtorno quando questionadas diretamente no item morbidade do instrumento da pesquisa, o que sugere que não haviam recebido o diagnóstico de depressão até aquele momento. Parte, então, para uma etapa qualitativa, visando analisar a experiência de adoecimento das mulheres com depressão. Coleta e analisa as narrativas, dando voz a essas mulheres. Isso lhe permite tecer uma bela reflexão sobre a depressão, apresentada em três tópicos: Depressão: que transtorno é esse...; Depressão: o sofrimento; Depressão: o alívio. A carga da depressão e de outras condições de saúde mental está em ascensão no mundo. O número de casos cresceu 18% em dez anos, e até 2030 essa será a doença mais incapacitante do planeta, segundo a Organização Mundial da Saúde. Muitos autores apontam a depressão como um dos grandes sintomas sociais ao considerarem que esses sujeitos expressam o mal-estar contemporâneo. Aos serviços de saúde, especialmente os de Atenção Primária, cabe um papel fundamental na prevenção e no controle desse transtorno. É preciso superar o estigma social associado aos transtornos mentais [...]