A arquitectura de Balthasar Neumann não representa a abertura de um novo caminho na história da arquitectura europeia, antes exprime uma síntese dos modos que foram sendo exploradas pelos precedentes autores do barroco da Europa Central. Competiu com a grandiosidade de Versailles nos palácios para os príncipes da Francónia, organizou a articulação dos espaços elípticos nas igrejas à maneira da sua Boémia natal, aplicou a lição renascentista nas composições em geometria simetrizada, explorou a articulação das formas nas mais largas paisagens, jogou com o cromatismo e a luz intensa na criação de atmosferas nos espaços interiores. Recorrendo a uma sabedoria construída na exploração das técnicas, trabalhou o projecto como obra de arte total, como se fosse pauta de música que não deixa margem para equívocos na sua execução. Gémeo espiritual de Juan Sebastian Bach, é mais um notável personagem da última expressão do barroco alemão com o encanto, o rigor e a sensibilidade compositiva que nos deixa suspensos perante o enigma da qualificação da arte.