A ética é considerada a disciplina que propõe compreender os critérios e os valores que orientam o julgamento da ação humana, procurando esclarecer como é possível apontar que determinada forma de conduta seja moralmente errada ou correta. Ao longo de sua história, o homem tem encontrado muitas respostas para essa questão, que na verdade diz respeito à sua própria condição de existência individual e social. Neste livro, uma das formas predominantemente filosóficas da ética a ética normativa é examinada e discutida em suas principais correntes de pensamento e nos seus mais importantes princípios. O procedimento de avaliação da ação correta varia conforme a escola filosófica que o postula, bem como de acordo com a razão pela qual uma ação deve ou não ser aceita em certo tempo e em determinada sociedade. Essa distinção, aparentemente elementar, revela um fato que de modo algum se deve negligenciar no estudo da ética: as noções de certo e de errado, que regulam e norteiam o juízo da ação humana, como também a sua justificação, dependem da corrente filosófica que as determina. A ética de virtudes, que se fundamenta no pensamento de Aristóteles, assevera que se reconhece a ação ética como aquela que é praticada por um agente virtuoso, e, por esse motivo, a compreensão da natureza essencial da ética deve ser radicada na virtude. A ética kantiana argumenta, por sua vez, que a ação é determinada segundo um princípio moral de universalização de máximas, denominado imperativo categórico. Já o utilitarismo de Stuart Mill entende que a ação moral é a que eleva ao máximo a felicidade geral, e assim encontra o sentido ético naquilo que muitas vezes justifica o sentido da existência humana: a felicidade. Este livro apresenta os fundamentos das principais escolas filosóficas da ética normativa, comparando de forma crítica as diferenças que se observam entre uma e outra e questionando os conceitos sobre os quais se estabelecem. As reformulações e as novas leituras e teorias que se vêm desenvolvendo ou ainda se contrapondo às filosofias éticas tradicionais são também objeto de discussão neste estudo. Sem defender em particular nenhuma das escolas filosóficas nem tampouco prescrever outras normas de comportamento, o que se propõe é sobretudo despertar no leitor o interesse pela ética, pois é preciso compreender que, se a ação humana não se dissocia do pensamento que a projeta, o juízo que a torna boa ou má está ao mesmo tempo nas causas e nos efeitos que lhe dizem respeito.