Procurando responder à questão de como extrair o haicai exato frente à escassa precisão das estações brasileiras é que Eunice Arruda nos presenteia com este belo conjunto de poemas, reunidos em 'Há estações'. O haicai expressa fielmente a sensibilidade do autor, é um registro fotográfico do cotidiano. De cenas que, por vezes, parecem banais Eunice colhe a essência, ao mostrar as águas de um córrego que mal cobrem os pés do menino, nos faz sentir o frio do inverno e ouvir o suave escorrer dessas águas geladas. Entre aranhas na sala, roupas no varal, folhas secas e um boi descansando na sombra, a autora saúda a natureza da qual faz parte e traz à tona todos os nossos sentidos. Diante desta forma de expressão poética de origem japonesa, o livro representa uma amostra de uma década de convivência da autora com o Grêmio Ipê - grupo de estudos de haicai em língua portuguesa. Eunice Arruda não foi sempre uma haicaísta, optou por incluir a prática do haicai em oficinas de poesia das quais é coordenadora, mais como um exercício de síntese. Desde então, passou a participar do Grêmio e, desta forma, foi se aproximando da linguagem.