Com um tom cinicamente crítico à política americana, o escritor-cineasta segue os passos de um gatuno, 'não muito diferente dos sanguessugas de Wall Street que, assim como eu, enfiavam as mãos no bolso de todo mundo', compara o protagonista. A carreira de Thomas Patrick Moran teve início em uma São Francisco em chamas. Em 1906, um terremoto atinge a cidade e um homem, ao ver aquele menino de sete anos no meio da confusão, tira o paletó e o passa para ele, para que se proteja dos odores da fumaça. Mas Alan Parker não está aqui para dar lição de moral. Tanto é verdade que Moran tinha sua própria ética - nunca tomou nada de ninguém que não desse a impressão de poder suportar a perda e sempre deixou uma moeda de dez centavos para que o sujeito pudesse pagar o bonde de volta para casa. Nem mesmo sua mãe se enfurecia com sua profissão, que só passou a incomodá-la quando ele começou a ser pego com freqüência e o que era constrangimento secreto da família se transformou em escândalo na vizinhança. Foi somente por isso que sua mãe decidiu entregá-lo a Deus, ou melhor, mandá-lo para um lar católico para meninos e ele fugiu. Nas andanças por todos os Estados americanos, o batedor de carteiras convive com mafiosos chineses e italianos, aproveitadores da Lei Seca. Conhece padres corruptos e gente de rua, vitimada pela Depressão de 1929. Até que suas mãos lisas e sedosas começam a ficar ásperas e formar calos quando ele é 'condenado' ao amor.