A libertação e a hegemonia são paradigmas fundamentais para entender a história das ideias e o processo político-pedagógico da segunda metade do século XX no Brasil, na América Latina e no assim chamado mundo globalizado. As concepções que elas expressam continuam atuais e fecundas, porque os problemas diante dos quais surgiram persistem e se agravaram. A osmose entre o pensamento de Paulo Freire e Antonio Gramsci representa uma das maiores contribuições para a educação e a filosofia política brasileira e latino-americana. Eles não se excluem, pelo contrário, complementam-se e se enriquecem. No Brasil, a utilização de muitos conceitos de Gramsci e sua tradutibilidade não podem prescindir da filosofia, da economia, da teologia e da pedagogia da libertação aqui elaboradas. A árdua conquista da hegemonia popular no Brasil passa pelo aprofundamento do processo de libertação e esta se completa na conquista da hegemonia. O entrelaçamento das duas evita a adoção de ideias mesquinhas de política e de partido e torna-se uma arma poderosa para superar a concepção de poder como dominação e entendê-lo como relação pedagógica entre pessoas livres e sociabilizadas que rompem com o capitalismo, com as modernas formas de colonização, com o paradigma governante/governado, Norte/Sul, centro/periferia.