Mobilidade social e mobilidade espacial foram traços marcantes na constituição da sociedade urbano-industrial brasileira no século XX. A industrialização e a migração criaram as condições estruturais para a complexificação do mercado de trabalho brasileiro, e a transição de uma estrutura ocupacional assentada em postos de trabalho agrícolas em direção a um espectro ocupacional mais amplo e diversificado, ainda que bastante desigual em termos da qualidade e renda dos postos de trabalho gerados. A partir dos anos 80, a instabilidade econômica e o baixo dinamismo na criação de postos de trabalho repercutiram de forma significativa sobre as perspectivas de mobilidade social e tendências migratórias no país, sobretudo em São Paulo. Como base em um survey retrospectivo sobre o histórico ocupacional e espacial de migrantes no Estado de São Paulo, este trabalho analisa o processo de mobilidade ocupacional e social no mercado de trabalho paulista entre 1980 e 1993, avaliando em que medida a migração proporcionou alternativas de inserção laboral qualitativamente melhores para quem a empreendeu, no contexto da conjuntura crescentemente desfavorável e instável do mercado de trabalho paulista e paulistano no período.