Reclamar o direito de dizer tudo é literalmente uma declaração de guerra ao silêncio. É optar por dar as costas à contenção e à contenção (ambas características eminentemente masculinas). Buscar a poesia não na meditação nem na tranquilidade de vagar pelas florestas, mas em uma torrente de palavras que tropeçam, formam uma figura por um instante e depois voltam ao caos que as fez aparecer. Afinal, escrever como nos adverte Julieta Marchant neste livro é uma forma de resistência a a proibição que estabelece o silêncio. Carlos Soto Román Este livro é feito de perguntas. Perguntas que são feitas no silêncio da escrita. Perguntas que soam como música indistinguível em um piano. Perguntas que não têm pontos de interrogação, como pensamentos. As palavras perguntam quando pensamos. Elas se tornam elas mesmas um meio de questionando a nós mesmos. Nós a interrogamos cada vez que pensamos diante de uma página em branco.