A poesia encontra veios para simbolizar o que, no mais das vezes, não vem a lume pelo ordinário arranjo de palavras ou sequer ressoa num significante próprio. Daí a necessidade de compor acordos textuais para dizer do que, à primeira vista, se mostra indizível, notadamente por meio daquele expressar corriqueiro. Compondo seu modo peculiar de exercitar o dizer poético, Benedita de Matos, graduada em Moda, no Brasil, mestre em Criação Artística Contemporânea pela Universidade de Aveiro e mestranda em Filosofia Contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em Portugal, nos apresenta este comovente A minha pele arde como o sol quente que nela ecoa. A maioria dos poemas aqui contidos foi gestada durante a reclusão pandêmica e sob o fumo das queimadas que assolaram algumas cidades portuguesas. Na própria expressão da poeta: no insuportável calor de um apartamento vazio, era difícil até de respirar. Mas foi um encontro comigo mesma. Aí, talvez, tenha nascido a (...)