O novo livro de Giorgio Agamben, Profanações, "trai" o leitor com a aparente simplicidade dos seus ensaios curtos. Uma coletânea sobre temas "menores" de estética, literatura e filosofia, como: pornografia, paródia, desejo, magia, natureza do autor, fotografia, entre outros. Mas, como em uma narrativa composta de episódios, de pequenas peças que se juntam conforme se avança na trama, os ensaios de Agamben revelam, em seu conjunto, uma discussão de fundo sobre estética e política. É um trabalho inovador, de um dos mais importantes e polêmicos filósofos da atualidade, autor de Estado de exceção (Boitempo, coleção Estado de Sítio) e Homo sacer: o poder soberano e a vida nua (Editora UFMG). Inspirado em Walter Benjamin (de quem Agamben coordenou a publicação das obras completas na Itália) e Michel Foucault, trabalhando a simbologia das tradições e mitologias clássicas gregas e romanas, além da obra de Franz Kafka, Agamben desenvolve ensaios intrigantes, que partem da natureza do indivíduo e das suas relações com a religião, as imagens, a criação e o poder para propor "a tarefa política da geração que vem": a profanação do improfanável. Para o filósofo Vladimir Safatle, trata-se de um livro sobre a ação política: "Com Profanações, Agamben coloca em circulação uma estratégia peculiar que consiste em recorrer a esquemas fornecidos pela tradição da ação religiosa, a fim de pensar novas categorias para o político. Novas categorias não mais dependentes, por exemplo, da noção de transgressão da norma ou de posição de novas normas, mas simplesmente da anulação do potencial normativo da norma. Um ato de anulação que Agamben chama de: desativar a norma". A edição brasileira traz ainda um índice dos princípais nomes e personagens citados e uma apresentação do tradutor, Selvino J. Assman, que situa Profanações na obra de Agamben e a relevância da obra do filósofo na atualidade.