Quem dera o sangue é, com certeza, um mote forte o bastante para engendrar escritas diversas sobre um único tecido: o corpo ancestral feminino, esse a quem por tanto tempo quiseram calcar anseios alheios, diversos e contrários aos seus próprios desejos e desígnios. E não há território mais profícuo à resistência e à apropriação das próprias rédeas que a poesia. Ombrófilas surge, portanto, também como corpo, aquele que, por abrigar regimes pluviais constantes, cria uma tessitura poética orgânica para fazer ressoar vozes incrustadas nas saliências da serra fluminense e que, aqui, ganham a vazão dos rios. Essa amizade com as chuvas, que a origem etimológica do termo sugere, tem para as mulheres daqui um significado profundo como as águas que gestam a vida no planeta e que, por vezes, arrasam em fúria a estrutura das nossas cidades. Este livro reúne dez poetas que, depois das tempestades, semeiam florestas de significados. Esperamos que nossas vozes encontrem ressonância para (...)