O livro Os DJs da Perifa é um estudo musical-antropológico sobre as transformações culturais promovidas por disc jockeys (DJs), por meio da música eletrônica dançante, sob a ótica da globalização, entre jovens da periferia de São Paulo. A partir de uma pesquisa de campo etnográfica, Ivan Fontanari descreve a cena da música eletrônica da periferia por ele observada em 2005. Apresenta os cenários das festas, as trajetórias de DJs em diferentes estágios de suas carreiras, o repertório musical dedrum 'n' bass e techno, que definia a identidade destes DJs, e os principais temas para eles relevantes na época. Nesta cena, o autor analisa as estratégias de mediação cultural empregadas pelos jovens da periferia na construção de suas identidades como DJs e ao longo de suas trajetórias profissionais, destacando dinâmicas étnicas, geopolíticas, de classe e de gênero. Fontanari revela a importância da música eletrônica dançante para estes jovens. O seu potencial performático de "desterritorialização" sensorial e cultural apresenta como consequência a reconstrução individual e coletiva, o que resulta na criação de um "lugar para a diferença" na periferia. Ao mesmo tempo, é um projeto "espontâneo", promovido pelos DJs, de globalização desta periferia. A identificação com esta cena musical adquire sentido por contraste com outras formas de sociabilidade, sensibilidade, pertencimento, estilos de vida, noções de pessoa, tempo, espaço e lugar, emblematizada por gêneros brasileiros de massa, como samba, axé-music, sertanejo e forró, dominantes na periferia.