Depois de Hegel é um livro com duas faces. A primeira delas apresenta uma transliteração da principal obra especulativa de Hegel, a Ciência da Lógica (Wissenschaft der Logik). Em oposição aos comentários existentes, principalmente de autores alemães e franceses, o autor distancia-se do linguajar hermético de Hegel e traduz para a linguagem corrente as idéias centrais de cada capítulo da obra, formalizando em lógica simbólica os trechos mais representativos. O núcleo duro da Ciência da Lógica fica assim visível e aparece com todas suas grandes virtudes, mas também com seus igualmente grandes erros. A segunda face deste livro, bem mais interessante e muito mais importante que a primeira consiste no comentário crítico, capítulo por capítulo, no qual o autor aponta para o que ele julga serem os grandes erros cometidos por Hegel na base de seu sistema. Essa segunda face do livro apresenta, além do perfil de Hegel, a fisionomia filosófica do próprio autor. O sistema filosófico que aí emerge em linhas marcantes não é mais o sistema de Hegel, mas um sistema neoplatônico e neo-hegeliano que, à diferença do de Hegel, é um sistema aberto à contingência, à liberdade e, desse modo, a uma Filosofia da História que supera as críticas corretamente feitas ao Idealismo Absoluto e mostra a História como produto de nossas decisões.