Eu sou faixa preta 4o dan. Quando você é faixa preta, é para a vida inteira. Mas minha vida me conduziu para outro lugar [...]. Os tapetes que eu agora frequento são vermelhos e levam a outros santuários. É assim que Thierry Frémaux, diretor do Festival de Cannes e do Instituto Lumière, se apresenta, sintetizando sua passagem do esporte à sétima arte e a relação profunda entre ambos, tema deste relato de formação e declaração de amor ao judô. Frémaux passou a infância e a adolescência nas Minguettes, um grande conjunto residencial na periferia de Lyon, hoje foco de pobreza e desemprego, mas que ao ser inaugurado era uma promessa de vida assentada em políticas públicas comunitárias. E foi para lá que seus pais, progressistas, se mudaram na década de 1960, decididos a propiciar aos filhos uma visão de mundo menos consumista e uma área de lazer à altura de seus desejos, no sonho de um contramundo que eles podiam inventar. Eu sou faixa preta 4o dan.