Nesta obra, Lyndon de Araújo Santos revisita os primórdios da implantação do protestantismo no Brasil. O diferencial de sua narrativa está na temática e na ênfase às suas personagens principais, ao deslocar os missionários ou os pastores do protagonismo na prática religiosa protestante. As igrejas, as escolas, as agências missionárias, a imprensa e a disseminação de literatura religiosa foram resultados do envolvimento de homens e de mulheres muitas vezes omitidos em livros de história. Lyndon se atém nas primeiras décadas da Igreja Evangélica Fluminense, mostrando que a história do protestantismo brasileiro não foi feita só por heróis estrangeiros. Os recém-convertidos tiveram participação ativa neste processo. Ao se aproximar da abordagem micro-histórica, somos apresentados a esses personagens anônimos. O livro nos mostra o cotidiano da cidade em seu processo de urbanização e de ocupação, os conflitos sociais, o subemprego e como os seus membros enfrentavam os problemas de seu tempo. Sendo em sua maioria pobres e sem visibilidade numa sociedade escravocrata, a conversão ao protestantismo possibilitou certa consciência de direitos, pois diziam que todos e todas eram alvos do amor de Deus e, por isso, não havia distinção de cor, etnia, atividade ou origem social. Enfim, vislumbramos este universo com a atuação dos mascates da fé e da Fábrica de Chapéus Mangueira que utilizou seus lucros em prol da expansão do nascente protestantismo. Em boa hora, Lyndon nos brinda com este trabalho, que traz à baila essa importante contribuição à historiografia do protestantismo, justamente no ano em que se comemoram os 500 anos da Reforma Protestante. Sérgio Prates Lima