A demanda recente por terra na Amazônia tem ampliado os conflitos entre populações tradicionais e os interesses econômicos do setor agrícola. Esse é o debate proposto pelo livro "Terras e Territórios na Amazônia: demandas, desafios e perspectivas" (Editora UnB), organizado pelos professores Sérgio Sauer e Wellington Almeida, ambos da Universidade de Brasília. O lançamento do trabalho ocorre nesta terça-feira 6, a partir das 19 horas, no Café Sebinho (406 Norte). Ao todo, 18 artigos - assinados por acadêmicos, lideranças sociais e estudiosos - abordam questões fundiárias envolvendo territórios indígenas, áreas quilombolas, assentamentos da reforma agrária, reservas ecológicas, todos afetados pela dinâmica de expansão desenfreada do agronegócio na região. Apesar da diversidade dos povos que habitam as florestas do norte do país, o rompimento da fronteira agrícola tem comprometido a própria sobrevivência espacial do conjunto dessa população. "Esse é o principal elemento comum, que é apoiado por diversas políticas públicas, inclusive com o aporte de recursos governamentais. Em consequência, há um acirramento das disputas por terras e uma diminuição das ações de governo no atendimento das demandas populares históricas pelo reconhecimento e garantia de direitos territoriais", analisa Sauer. Há um contexto político em que o tema da ocupação territorial da Amazônia ganhou força. A partir de 2009, ações de governo, como o programa de regularização fundiária Terra Legal, desencadearam tensões latentes desde a colonização do território, há mais de 30 anos. Nem mesmo a proteção jurídica aos direitos tradicionais consegue barrar a expropriação territorial a que indígenas, quilombolas e extrativistas estão submetidos. "A lentidãodos órgãos responsáveis, de um lado, e os pesados investimentos governamentais em grandes obras, do outro, têm resultado em conflitos e violação de direitos", alertam os organizadores.