A década de 1990 inaugura o que parecia impossível - a falência das experiências socialistas no leste europeu. Ao burocratismo socialista e seu rosário de caricaturas, contrapõe-se desemprego, desassistência social, falta de moradia, penúria, etc. Para a geração que se formou sob a orientação da produção intelectual engajada e de esquerda, o chão se fendia a seus pés. Enquanto isso, o capitalismo prosseguia no seu ritmo cada vez mais veloz, revolucionando os mais diversos territórios, uma vez que desestabilizar é seu mote - da economia à gastronomia, da azaração à meditação, do tântrico aos tétricos. Neste fim de século, tudo contribuirá para as grandes lutas internas que, se por outro lado, fragilizam, instauram pânico e toda sorte de patagônias geradas pela insegurança crônica; por outro, favorecem os insights, os clarões que fertilizam a consciência; seu tempo é o de um raio num céu de noite e tempestade; mesmo assim, vislumbramos um caminho.