Num abismo com flores, a queda se inventará asas e o destino do corpo e do sumo é o azul oceânico das palavras. Porque aqui Helena Arruda inaugura e franqueia o espaço-em-flor feito esperança e, divagando entre poemas e labirintos, se deixa encharcar de encontros. Encontram-se sóis e o céu da boca da moça de dedos longos, as claridades invadem retinas. O sob a pele, insistente, nos chamará pras linhas, pro viço, pros valões, mas sobretudo pro gato a esquentar colo. Na poesia de Helena, somos o próprio convite à emergência do canto. As voçorocas nos chegam e é carne crua e é a saída que se encontra e é a coragem do palimpsesto e sempre se amanhece. Está habitada e (nos) converge ao entardecer luminoso essa mulher que retorna e sussurra: fica perto de deus e dos pampas e dos gritos lá do alto. Diz-se de mulher como se diria de dragões e montanhas, como se saboreia aqui pão de canela, sereias lidas. Retorno ao abrigo (abraço dos minúsculos que se anotam e se materializam).