O tema da liberdade humana é corrente, seja em textos bíblicos ou em outras fontes. O povo hebreu, em busca de liberdade, saiu do Egito rumo a uma nova terra. A liberdade cristã foi descrita pelo apóstolo Paulo e pensada por uma vasta produção de filósofos. O livre-arbítrio foi trabalhado por Santo Agostinho e outros escritores. Neste livro, contudo, o tema da liberdade parte da literatura, de um poema, 'O Grande Inquisidor', do escritor russo Fiódor Dostoiévski. Neste poema, estão contidas, de forma acentuada, as ideias religiosas e a interpretação de Dostoiévski acerca do cristianismo e da liberdade. Ele desce até as profundezas da alma humana e mostra o seu lado mais obscuro: a tentativa de substituir Deus, o desejo de poder e de dominação que paira na mente humana, a não aceitação do mal e do sofrimento no mundo e o desejo de não ser livre, pois a liberdade é tida como um fardo terrível. Assim, Dostoiévski revela-se como um escritor profundamente atual. O cristianismo que ele apresenta não constitui uma religião sombria, mas uma religião da liberdade, cheia de luz, à semelhança do Evangelho de João.