As passeatas, o 'Poder jovem', a esquerda festiva, os festivais da canção, a agressão ao elenco de Roda viva, a pregação da violência, o Vietnã, Sartre, Mao Tsé-Tung, d. Hélder - eis aqui, em 'O óbvio ululante', um fabuloso painel de 1968 pela ótica única de Nelson Rodrigues. O óbvio ululante é uma seleção de suas 'Confissões', crônicas publicadas no jornal O Globo naquele ano. Dia após dia, escrevendo na redação, ao som das ruas, Nelson descreveu o que parecia ser uma tentativa de virar o mundo de pernas para o ar - e sintetizou tudo aquilo numa prosa que, hoje, espanta pela coragem, pelo deboche e pela perenidade de suas observações.