A psicanálise existencial busca a compreensão dialética do sujeito concreto fazendo-se e sendo feito no interior do campo social-histórico. Assim, o trabalho de análise, ao decompor as dimensões ontológico-existencial, psíquica e social da realidade humana, somente tem sentido enquanto elaboração provisória de partes de um processo único que existe como totalização em curso. Um surto psicótico, um sofrimento psíquico no trabalho, uma histeria tal como desenvolvidos ao longo desta obra, são totalizações singulares no interior do universo social. A psicose, por exemplo, desvela-se como um "ato irrealizante" que "realiza" um possível a partir de uma situação insuportável, ou, se se quiser, como um ato totalizante do sujeito no interior do campo social alienante e como forma singular de ultrapassar o passado em direção ao futuro. Estamos, portanto, diante de um ramo do saber que procura alcançar o homem concreto fazendo-se e totalizando-se desde a infância a partir de sua família e de suas condições de classe. Nosso interesse está na compreensão do projeto de ser singular que, por sua vez, permite a elucidação de uma determinada situação histórica, trabalhando assim, para ampliar nossa visibilidade sobre a sociedade em que estamos vivendo e o homem que estamos construindo. Nesse sentido, a compreensão em profundidade do psiquismo singular é portadora de uma compreensão em profundidade de nossas estruturas sociais alienantes e das formas de como a práxis social cria e inventa suas diversas formas desumanas de produção do humano em nosso atual tempo histórico. Os Estudos contidos nesse livro buscam dar um primeiro esboço do que podemos chamar, a partir de Sartre, de uma psicanálise existencial.