Escritura arcimboldesca (S. Sarduy); poema que apaga as pistas de sua produção (J. Saramago); escritura desde a margem de cá (M. Hatoum) e suntuosidade verbal (Contador Borges) são alguns comentários sobre a poesia de Horácio Costa. O que temos nesta antologia é essencialmente a poesia de um mundo integrado. Se os principais pontos de referência são o ambiente rural brasileiro, a cidade de São Paulo, New Haven e Cidade do México, o olhar do poeta percorre a Grécia antiga, a Espanha do Século de Ouro, a China Imperial, a África e avança pelos icebergs da imensidão oceânica, com um toque épico bem peculiar. E assim como sua poesia se transporta pelo mundo macro do universo, a relação poesia/ciência vai lhe permitir incursionar pelo mundo micro, não sendo casual, portanto, o título Fracta (minúsculas partículas rebeldes) dado ao livro. Ele parece seguir, desde muito tempo, o fascínio desta relação de fragmentos ativados e moventes, que repercutem em mosaico, correspondências e desafios às leis do tempo/espaço. Aí se juntam também o sublime e o irreverente, reconhecimento das conexões e uma espécie de vertigem.