O crítico e escritor inglês David Lodge, em A arte da ficção, afirma que “a estrutura de uma narrativa é como a estrutura de vigas que sustenta os arranha-céus: você não a enxerga, mas é ela que determina o formato e as características do edifício”. Todas as histórias deste livro possuem essa estrutura: só o escritor a enxerga, já que mal olhamos para as “vidas pequenas na esquina”, no dia a dia da cidade frenética. Guedes é taxativo quanto a isso, desde a primeira narrativa: “Ninguém olha duas vezes para um mendigo, a não ser (...) um escritor deparando-se com uma história”.