Costumo dizer que para o exercício da profissão de repórter é necessário, antes de tudo, exercitar a indignação. Mas só a indignação não basta. É preciso ter sensibilidade. Ao escrever Reportagem: a arte da investigação, Ciça Guirado mostra a todos nós que a vida acadêmica não tirou dela a sensibilidade de repórter de rua, de prática, que sempre foi. Na sua obra ela transita com desenvoltura dos sábios entre o mundo acadêmico, as teorias e teóricos, e o mundo lá fora, permeado por uma realidade que nem sempre chega à Academia. A sensibilidade em mesclar clássicos como Aristóteles, Borges ou Umberto Eco a mortais maravilhosos como Ricardo Kotscho, repórter de coisas e pessoas, para fundamentar suas ponderações mostra isso: Ciça Guirado continua afiada como repórter e afinada com a realidade.