"Como pensar a natureza conflitiva da dimensão psíquica do ser humano, movido pelo clamor de satisfação de exigências interiores desconhecidas de si mesmo e pela imposição de sua renúncia pela vida em sociedade? O que velhos e conhecidos textos de Freud teriam a nos dizer a respeito da oposição pulsão (id)/razão (ego), se sua leitura assumisse as heterogeneidades, tensões e ambiguidades presentes no conjunto de sua obra? A chave para semelhante leitura é encontrada no conceito de différance de Derrida e designada como uma lógica da suplementaridade. Essa lógica permite repensar os pares de oposição, de sorte que se evitem tanto a neutralização das oposições binárias com a simples negação das diferenças entre os polos do dualismo como a acomodação na lógica identitária que consolida as diferenças no campo fechado das meras oposições. Pois, em um e outro caso, o que se perde é o caráter tenso e tensionante da organização conflitiva do aparelho psíquico. Embora Freud tenha sido (...)