O livro do General Marcio Tadeu Bettega Bergo é um dos mais bem escritos estudos sobre a realidade nacional, neste início do milênio. Conheci o General Bergo, como professor que sou da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), quando ele freqüentava o curso em que leciono desde 1990, o Curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército (CPEAEx), que prepara, durante um ano, coronéis, dentre os quais sairão os futuros generais do Exército, além de participar dele pelo menos um representante das outras armas, de igual nível hierárquico e, eventualmente, convidados civis. Impressionaram-me sempre, nos debates e na própria organização da Escola, sua acuidade mental e o profundo interesse sobre a conjuntura brasileira. O livro é muito bom. Depois de examinar as conceituações básicas sobre política, poder, estratégia, geopolítica e bem comum, formata sua concepção do que seja o pensamento nessa área. Em seguida, examina o Brasil no contexto mundial, em pleno século XXI, e formula sua visão pessoal, solidamente embasada na melhor doutrina nacional e estrangeira sobre segurança, defesa e desenvolvimento. Só então apresenta sua proposta de um projeto para o Brasil, em que são realçadas a vontade e decisão, as ações estratégicas para Segurança e Defesa, a participação das Forças Armadas na Segurança Pública, as ações estratégicas para o Desenvolvimento. Tais elementos perfilam a orientação permanente, que impõe a conciliação de um caminho para a transformação do pensamento nacional. Em 1971, publiquei minha segunda tese acadêmica, defendida na FDUSP, intitulada Desenvolvimento Econômico e Segurança Nacional - Teoria do Limite Crítico, livro prefaciado pelo saudoso amigo e dos mais brilhantes intelectuais de nossa história, Roberto Campos. Nele formulei, também, concepção própria, no concernente aos reflexos das despesas militares e de segurança nas finanças públicas, formulando, à época, uma teoria do limite crítico. Alegra-me ver que algumas daquelas concepções foram albergadas pelo eminente general, em outro contexto. Creio que o amigo Marcelo Magalhães Peixoto, ao publicar o excelente livro do General Bergo, certamente abrirá espaço no mercado editorial brasileiro para temas relevantes do universo cultural, de modo a permitir que sua Editora Jurídica passe também a ser consultada nas Escolas Militares, principalmente na ECEME, hoje com excepcional mestrado em Ciências Militares, como tive oportunidade de constatar nas vezes em que participei de bancas examinadoras na instituição. Parabéns a Marcelo Magalhães Peixoto e parabéns ao General Bergo pela iniciativa. São Paulo, 27 de novembro de 2006