No teatro de Marivaux, a fantasia da cena dramática e a artificialidade das personagens coexistem com o sentido de verdade e com a consistência da experiência amorosa, qualidade que a crítica tradicional não soube reconhecer. Partindo dessa aparente oposição, Marlyse Meyer faz uma análise das convenções formais a que o dramaturgo recorre, revelando, por exemplo, que as referências à commedia dell’arte presentes em seu teatro obedecem a uma estratégia literária que harmoniza a estilização da linguagem coloquial e a irrealidade poética. A autora realiza, assim, uma leitura fundamental do universo dramatúrgico de Marivaux, cujas características ganham atualidade para o espectador moderno.