A tarefa que [o autor] se propôs foi enorme: tratava-se não apenas de revalorizar a teologia política enquanto estrutura de investigação e de pensamento válida e potente o que é especialmente difícil em um terreno amorfo e impotente como a gélida seara da Filosofia do Direito, hoje dominada pelas tábuas de argumentação de autores como Alexy e Dworkin, mas também indicar que ela não se resume a Schmitt, que uma outra teologia política, de matriz democrática, é não apenas cabível, mas necessária, e que sem ela não se pode resistir ao deus absconditus do capital, aparentemente tão racional e matemático mas que, bem vistas as coisas, constitui o ídolo da mais terrível das religiões cultuais. Adivinha-se assim que o autor deste livro construiu seu caminho ao aprimorar a sutil arte de fazer inimigos.