É com imenso prazer que, por meio de um sucinto comentário, venho apresentar uma espécie de atualização do Direito do trabalho, nessa época ingrata aos direitos, sobretudo aos direitos dos trabalhadores. A obra é coordenada por três grandes pesquisadoras: Dras. Rosa Maria de Freitas (UNICAP), Rogéria Gladys (UFPE) e Flora Oliveira (UNICAP). Professoras e estudiosas do direito trabalhista, abordam a temática de uma perspectiva ampla, muito além do chão da fábrica, onde se desenrolam os conflitos entre trabalhadores e patrões cotidianamente. Desde a famosa tese de Marx, da subsunção real do trabalho ao capital, que a centralidade do estudo das relações trabalhistas é a fábrica. Mas com a luta dos trabalhadores e a progressiva regulamentação das relações de trabalho, esse foco passou para o Estado e suas agências especializadas. Essa foi a época de ouro do fordismo e dos ganhos salariais dos trabalhadores urbanos. A crise dessa forma de regulação, desde os anos 70, vem alimentando nos pesquisadores desse tema a ideia de que o fim do compromisso fordista nos conduz a uma nova etapa das relações de trabalho, em que o papel do Estado e suas leis já não atendem as necessidades desse novo mercado de bens simbólicos e imateriais, e que há, portanto, necessidade de um "aggiornamento" dessa legislação em relação aos novos desafios criados pela "pós-modernidade", e novo tipo de acumulação de capital, em escala global. É aqui onde entram as contribuições originais e oportunas desse grupo de autores, professores e pesquisadores que discutem, com desenvoltura, os impactos do novo paradigma tecnológico sobre o mundo do trabalho, sem perder de vista suas implicações legais e jurídicas. A professora Flora Oliveira discute o papel da mediação e da arbitragem na solução dos conflitos, como meio ágil e prático de resolvê-los, já a pesquisadora Rosa Maria Freitas, aborda, com amplitude de visão, o impacto da pós-modernidade sobre as relações de trabalho e seu marco legal, bem como a professora Rogéria Gladys explana sobre os elementos processuais do litígio trabalhista. Várias outras questões são levantadas, tais como: o direito do trabalho naquilo que se convencionou chamar de "Terceiro Setor", a questão ambiental e o direito do trabalho, a irrenunciabilidade de créditos trabalhistas durante o processo judicial, etc. Quem tiver a oportunidade de ‘pôr os olhos’ nesse verdadeiro curso de atualização do Direito do Trabalho terá muito a ganhar! Estudantes, pesquisadores, professores e operadores do Direito aprenderão muito com a largueza e a amplitude das abordagens desses pesquisadores. Michel Zaindan Filho Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo. Professor da UFPE.