A formulação de Desigualdades e segregação na metrópole: o Rio de Janeiro em tempo de crise teve como primeiro estímulo um conjunto de fenômenos sociais recentes. De um lado, algumas evidências empíricas, reveladas por pesquisas científicas: empobrecimento da população brasileira com aumento da desigualdade de renda; precarização do trabalho e crescente vulnerabilidade do trabalhador; e, ainda, profunda crise habitacional. De outro, a observação sistemática, ou até mesmo impressionista, da emergência de uma nova configuração espacial nas principais cidades brasileiras, marcada pelos espaços residenciais e comerciais exclusivos, pela privatização dos espaços públicos e pela estigmatização dos espaços populares, configuração muito semelhante à que tem sido apresentada, na literatura internacional, sobre as cidades dos países avançados. Os fenômenos acima mencionados serviram de subsídios à problemática discutida no livro e construída em torno das desigualdades socioespaciais intrametropolitanas, através da qual a autora procura avaliar as mudanças e permanências ocorridas na década de 1980 na estruturação espacial da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, utilizando como referência analítica o modelo binário núcleo-periferia, consolidado na literatura como expressão e explicação da dinâmica de organização interna do espaço metropolitano.