Ainda me lembro de uma frase que vi pichada há muitos anos numa placa em Paris: l’amour est mort. Só hoje, com orgulho, revido: pas ici. Ao longo destas páginas que virão, em estado e não de morto corpo cabrito, Carolina nos guia por entre uma dança amorosa com as palavras. Uma leitura que nos convida a bailar no passo do si, no adeus ao outro, nas memórias, nos escaves, no impreciso que não se dá. Quanto do que não finda em nós só o é para permanecer poema? Corpo cabrito morto é a inauguração de Carolina na poesia embora há muito já a faça pelas vias de seus outros talentos. Sua narrativa sutil é percorrida por um entrecortar de tudo o que nasce ou rasga os mínimos acontecimentos são as frestas dos dias, a matéria de Carolina. Assistir, ao longo desta reunião de poemas, ao seu despir-se/vestir-se pelas entrelinhas acabou por me despertar também o desejo bonito de conhecer a espessura das coisas (a espessura das coisas: quanto para se demorar, aqui). (...)