A leitura da Bíblia praticada nas Igrejas continua seguindo o modelo dos Padres da Igreja, que foram os intelectuais cristãos do primeiro milênio. É um modelo que dispensa investigação histórica e literária dos textos. Na Idade Média, não encontrou contestação e só começou a ser questionado a partir da Renascença (século XVI), com estudiosos como Erasmo, por exemplo, que passou a estudar as línguas originais da Bíblia e sua contextualização. Essa nova leitura causou pânico entre os comentaristas tradicionais e, com o tempo, instalou-se um clima de suspeita e discriminação mútua entre eclesiásticos (“tradicionalistas”) e modernos (“descrentes”). Efetivamente, se não há como desconsiderar o valor pedagógico da leitura ortodoxa (e descontextualizada) da Bíblia, demonstrado ao longo dos séculos, fica claro que uma leitura contextualizada dos textos pode abrir caminho para uma fé mais consistente. Alguém que se declara “sem religião”, toma (...)