Reflexão, lirismo, sensibilidade e precisão aguda no trato com a linguagem. É com essas qualidades raras e uma maturidade de poeta tarimbada que Clarissa Macedo publica Na pata do cavalo há sete abismos. A obra se destaca por uma escrita que, como diz o poeta Salgado Maranhão, nos instiga e nos inquieta, como se as palavras tivessem farpas e que para ele são um alarme de que essa jovem poeta baiana chega para fazer história entre as mais brilhantes da sua geração. Dobras na pele, cicatrizes, lâminas afiadas, fendas, pecados e precipícios o perigo e o secreto fazem parte do universo ficcional dessa autora original, que conjuga leveza de estilo e fluidez do verso a imagens densas, que nos atingem em cheio na leitura. Ao folhear essas páginas, estamos longe de segurar as rédeas do cavalo é ele que nos conduz, poema a poema, abismo em abismo, numa mistura de impacto, surpresa e deslumbramento que só a arte nos faz sentir.