Chorava ainda a mãe e nem secou as lágrimas, o pai falecera vítima de uma doença prolongada. O Nelito ficou órfão de pai e mãe num mundo coberto de cinzas. Ao longo do tempo, viveu com a madrasta que o tratava como um lixo. O padrasto nem vale dizer, porque o usava somente para trabalhos pesados do campo. Desde que os pais se despediram desse mundo, Nelito vivia só em dois lugares: casa e o campo. Em casa, ajudava a madrasta em todos os trabalhos domésticos que você podia imaginar: lavava os pratos, varria toda a casa e, se fosse preciso enchia todos os tanques grandes de água, quando o padrasto precisar tomar banho de madrugada, para ele não precisar ir ao poço, pois é, ir ao poço de madrugada é sagrado, segundo a tradição. Trabalhava muito e descansava pouco. A sua vida era resumida em campo, casa e mais nada, nem tempo tinha mais de brincar com os colegas. Na escola onde estudava terceira classe não tinha mais cadeira para ele aprender ba, be, bi, bo